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BIOEN discute a implementação da produção e uso de combustível sustentável de aviação (SAF) no Brasil

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O BIOEN realizou nesta terça-feira, 5 de setembro de 2023, a segunda edição do BIOEN Mesa Redonda, um evento voltado para aproximar o Programa ao mercado e discutir os gargalos da implementação de combustíveis renováveis no Brasil, tecnologias de produção, potencial de consumo e impactos. Nesta edição voltada para biocombustíveis para a aviação (SAF), atores importantes da área como empresários, pesquisadores, e representantes da indústria aeronáutica estiveram presentes.

Combustíveis renováveis de aviação representam uma alternativa em relação ao querosene de aviação de origem fóssil. Diversas companhias aéreas no mundo inteiro veem esta opção renovável como uma alternativa para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Devido ao protagonismo do Brasil no cenário internacional de produção de biocombustíveis e especialmente devido à importância do estado de São Paulo neste setor, a necessidade de fomentar o desenvolvimento desta indústria no Brasil foi mencionada em vários momentos.

Tecnologias e potencial de produção de SAF

O primeiro painel foi focado na discussão de tecnologias e potencial de produção. A mesa foi moderada pelos Profs. Rubens Maciel Filho e Luís Cassinelli. Os debatedores convidados foram Luciane Chiodi, da Agroicone, Fernando Ramada Castro, da C.B. & Associates, e Camilo Adas, da Be8.

Fernando Castro deu uma aula sobre as rotas de conversão, destacou a maturidade da rota de hidroprocessamento de óleos vegetais, mencionando que o seu desenvolvimento foi rápido devido a sua semelhança com processos da indústria petroquímica. Do processo na hidrogenação e craqueamento do óleo vegetal, é possível se obter SAF e diesel verde, além de frações mais leves do craqueamento que podem ser usadas na produção de hidrogênio verde através da reforma a vapor, tornando o processo autossuficiente em hidrogênio de origem renovável. Dentre as possíveis matérias-primas, destaca-se o óleo de palma por não demandar degomagem e por ter ácidos graxos mais semelhantes à composição do querosene de aviação. Fernando Castro ainda lembrou que 30 milhões de hectares de terras degradadas no Brasil seriam suficientes para produzir uma quantidade de óleo vegetal equiparável à produção de petróleo dos campos de pré-sal do Brasil.

Camilo Adas comentou sobre a importância de considerar a sustentabilidade no desenvolvimento deste mercado, demonstrando a preocupação do setor produtivo em trabalhar com biocombustíveis para descarbonizar a economia. Novas tecnologias não estão prontas para atendar à urgência da demanda de redução de emissões de gases de efeito estufa o que implica a necessidade urgente de processos produtivos com tecnologias economicamente competitivas. Camilo Adas também mencionou a importância do Brasil de aproveitar o seu protagonismo no setor de biocombustíveis para demonstrar a viabilidade do uso de cereais oleaginosos, em contrapartida ao que vem sendo debatido na Europa (que foca na biomassa de resíduos) devido a nossa maestria na produção destes grãos. Camilo Adas mencionou que há uma série de incentivos para a produção de biocombustíveis no Brasil e que estes incentivos demandam o cumprimento de diversas regras ambientais. O uso da terra é um fator importante e razão de grande crítica de países com acesso limitado a terra. Porém, a produção de biocombustíveis no Brasil tem pequeno impacto ambiental: grande parte da expansão da produção de cana-de-açúcar ocorre sobre pastagens de pequena produtividade. Por outro lado, a expansão da produção de milho ocorre em rotação com a produção de soja.

Luciane Chiodi comentou sobre o aspecto econômico e incentivos para a produção de SAF, e mencionou que até 2050 espera-se elevar a produção a 449 bilhões de litros. O governo americano tem uma meta para produção de 3 bilhões de litros de SAF até 2030, e a produção atual já está em 0,3 bilhões de litros. Para isso, o governo americano e o governo de alguns estados como Illinois e a Califórnia criaram esquemas de incentivo que subsidiam o preço. Luciane destacou a importância de incentivos para o desenvolvimento de processos de conversão localmente, como feito no passado para o etanol e o biodiesel. O ideal é que o Brasil não se contente a ser um simples fornecedor de matéria-prima, mas também um fornecedor de produtos renováveis beneficiados.

Fernando Castro explicou que pesquisadores deverão levar em consideração três pilares principais, que são o balanço material, o balanço energético e o turismo molecular. O balanço material é extremamente importante, uma vez que combustíveis de aviação precisam ter pouco teor de oxigênio. Este fator reduz o rendimento de algumas rotas, o que pode torná-las inviáveis por questão de custo. Podemos mencionar aqui a desvantagem da rota de conversão do etanol a SAF quando comparada com a rota que usa óleos vegetais como o insumo de partida devido à maior quantidade de oxigênio do etanol. Em relação ao balanço energético, é necessário ter atenção às condições de processo e possibilidade de integração energética. Finalmente, Fernando destaca a importância do processo de conversão estar localizado próximo à matéria-prima para reduzir custos com transporte de biomassa.

Aspectos regulatórios, sustentabilidade e uso de SAF

O segundo painel foi focado na discussão de aspectos regulatórios, sustentabilidade e uso dos combustíveis de aviação. O painel foi moderado pelos Profs. Luiz Augusto Horta Nogueira e Joaquim Seabra. A mesa foi composta pela Professora e Diretora Symone Araújo, da ANP Marjorie Guarenghi, da Agroicone, Otávio Cavalett, da Boeing, e Marcelo Gonçalves, da EMBRAER.

Symone Araújo ressaltou a importância da transição energética dentro da ANP e também a importância para que esta transição seja inclusiva e acessível para todos, através da proteção de consumidores com menor poder aquisitivo. Ela comentou a importância de marcos anteriores na história do uso de combustíveis renováveis no Brasil, como o programa Proálcool, a implementação do carro flex, e a implementação do RenovaBio. Novas regulações em relação a JET A no Brasil, implementadas recentemente, também deram espaço para a regulação de SAF no Brasil. Porém, ela destacou também a importância da integração de diferentes fontes de combustíveis numa matriz energética diversa. Pesquisa, desenvolvimento e inovação também são de extrema importância para o desenvolvimento de novas tecnologias. Neste contexto, cláusulas relacionadas ao investimento de receita por empresas petrolíferas em pesquisa e desenvolvimento levaram ao desenvolvimento de grandes grupos de pesquisa no Brasil, e este modelo deverá ser expandido.

Otávio Cavalett falou sobre o desafio de emissões líquidas zero de gases de efeito estufa pelo setor aeronáutico mundial até 2050. Renovação de frota e eficiência operacional são instrumentos fundamentais para uma redução significativa do consumo de combustíveis. Porém, o pilar mais importante é o desenvolvimento da produção de combustíveis renováveis para a aviação. A Boeing está levantando o potencial de produção de SAF através de diversas matérias-primas, desde convencionais até resíduos. A Boeing tem objetivo de entregar aeronaves compatíveis com 100% de SAF a partir de 2030 (aeronaves atuais podem operar com misturas com até 50%). Otávio também apresentou o modelo Cascade da Boeing para avaliar o potencial de emissões de diversas fontes de energia.

Marjorie Guarenghi explicou que a Agroicone vem trabalhado diretamente no programa CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation, traduzido como Esquema de Compensação e Redução de Carbono para Aviação Internacional) para a avaliação de rotas para a regulação e avaliação do impacto ambiental de biocombustíveis de aviação produzidos no Brasil. As discussões principais se concentram em torno da produção de matéria-prima. Os maiores gargalos nesta discussão são a variação do estoque de carbono no solo e mudança indireta do uso da terra. As negociações têm avançado com a demonstração do potencial de descarbonização da bioenergia produzida no Brasil, e cooperação entre diversos agentes para que o posicionamento brasileiro seja representado de forma contundente para organismos internacionais. Marjorie também apresentou o projeto SAFmaps, uma ferramenta de avaliação de potencial produtivo de SAF através de diversas matérias-primas.

Dentre as prioridades para o futuro, espera-se o estabelecimento de um grande volume de pesquisa no tema, incluindo TRLs mais baixos, e a implantação de processos produtivos na área. Para isso foi destacado o papel da FAPESP e o apoio de órgãos regulatórios como a ANP a fim de fomentar o desenvolvimento deste setor.

O programa BIOEN existe desde 2008, e já apoiou mais de 1000 projetos de pesquisa e 200 startups.
A íntegra do Mesa Redonda BIOEN pode ser encontrada no link:
https://www.youtube.com/live/P-ObM5j9NWI

Sobre o BIOEN: O BIOEN, Programa de Pesquisa em Bioenergia da FAPESP, visa articular pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) entre entidades públicas e privadas, utilizando laboratórios acadêmicos e industriais para avançar e aplicar o conhecimento nas áreas relacionadas à bioenergia no Brasil. As pesquisas abrangem desde a produção e o processamento de biomassa até tecnologias de biocombustíveis, biorrefinarias, sustentabilidade e impactos. Para mais informações, acesse http://bioenfapesp.org

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